Poeta fica em parque com máquina escrevendo versos em filtros de café.
Apreciadores podem tomar café e comprar livro do autor de São Lourenço.
Filtros de café usados, uma máquina de escrever e muita imaginação. É assim que Carlos Alberto La Terza Júnior, de São Lourenço (MG), compõe poesias. O artista passou dias escrevendo nos filtros e com o mesmo material, ele fez seu primeiro livro. Durante o período de férias escolares, ele exibiu o trabalho no Parque das Águas, e atraiu curiosos e admiradores.
É ao ar livre que as palavras tomam sentido na cabeça do poeta. “Eu transformo as ideias em poesias, as poesias em livros e tento fazer a diferença”, tenta resumir La Terza Júnior sobre seu método de composição.
O barulho da máquina, ali no meio do Parque das Águas, atrai curiosos. E não é só isso, a poesia é servida para os apreciadores regada a café quentinho. Não demora muito para surgir em volta do poeta uma roda de bate-papo.
“Ótimo, estava doida pra tomar um café, passei aqui já tomei”, brinca a dona de casa Luci Ferreira Villela. “Com poesia é melhor ainda.”
O poeta completa. “A poesia, ela cria laços. A poesia só existe se for de um para o outro, ela nunca é de um só. Pra existir o poeta, tem que existir o leitor, e nesse processo se faz muitas amizades.”
Livro sustentável
Há quase dois meses La Terza Júnior percorre cidades do Sul de Minas para espalhar poesia com sua máquina de escrever. Foi assim que nasceu o primeiro livro, “Leite de Pedra”.
“Você ‘tirar leite de pedra’, realizar um trabalho difícil, algo impossível, ou que se diz impossível, mas também tem a ver com a água, por eu ter nascido em São Lourenço, que é a ‘cidade das águas’. A água é o leite da pedra ‘né’”, completa.
O livro ainda veio com aroma de café. As páginas foram feitas de filtro de café, desses mesmo que a gente usa pra coar a bebida. A ideia de reaproveitar o material surgiu quando ele lavava louça em casa e viu naqueles papeis uma nova função.
A consultora Juliana Badin mora nos Estados Unidos. Passando pelo local, o poeta e seus filtros chamaram a atenção dela, já que nunca tinha visto nada parecido. “É uma ideia boa, que lá não existe, dá pra levar pra fora sim”, comenta.
Pra finalizar, o poeta deixa sua poesia. “Escutei uma música inédita, composta por 3 passarinhos, uma fresta de água correndo, e o barulho do vento baixinho.”
Matéria publicada originalmente no G1.
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